16 de dezembro de 2009

"Os Lusíadas" e um barco viking?

A mais recente edição de "Os Lusíadas" que, naturalmente, dispensa apresentação de autor e conteúdo, tem a chancela da Porto Editora e não traria grandes novidades: o texto está fixado, é de leitura obrigatória e, mais nota editorial menos nota, mais ou menos introdução e contextualização histórica e biográfica, as edições são todas muito semelhantes.
Há obviamente excepções e esta última edição é uma delas: a capa é perfeitamente absurda.

Ao apresentar como imagem de rosto de "Os Lusíadas" um barco de tipologia do Norte da Europa (viking?) esta edição faz pouco jus ao título do livro e, naturalmente, ao seu conteúdo. Não consta que Vasco da Gama tivesse navegado neste tipo de navios, nem tão pouco que Camões tivesse sobrevivido a um naufrágio no Báltico...
É episódio menor, caricato, de aparente falta de relevância mas, a pouco e pouco, vai-se perdendo noção da história e do património marítimo e não surpreenderá já que poucos saibam reconhecer uma caravela, uma nau, um galeão.
Parece claramente mais barato comprar um barco viking num banco de imagens que fazer uma investigação mínima e procurar imagens de um barco mais apropriado.

5 comentários:

João Manuel Rodrigues disse...

E como sempre as coisas ficam assim, a culpa morre solteira e a epopeia de Vasco da Gama afunda-se num Drakkar, com todo o respeito pelos Vikings.

João

Fabião disse...

O texto ainda fica, vá lá!
Mas a imagética dos Descobrimentos e das navegações portuguesas vai-se...

Rui Couceiro disse...

Exmos. Senhores,

Antes de mais, manifestamos a nossa satisfação pela preferência demonstrada pela edição de “Os Lusíadas” publicada pela Porto Editora.

Em todo o caso, e em nome do rigor com que sempre procuramos pautar as nossas edições, não podemos deixar de esclarecer a mensagem equívoca publicada neste blogue. A imagem seleccionada para a capa do livro tem representada, efectivamente, uma nau – e não qualquer tipo de embarcação de outra origem. Aceitamos, porém, que a dimensão da imagem reproduzida aqui no blogue – e retirada do nosso sítio on-line, no qual também aparece no chamado “formato miniatura” – não permita o cabal esclarecimento das dúvidas. Estamos certos, todavia, de que o contacto com o livro permitirá um olhar mais atento e clarificador no que concerne à dúvida levantada por V. Exas.

Com votos de boas leituras e de um Feliz Natal,

Rui Couceiro
Assessor de Comunicação
Porto Editora

Aporvela disse...

Caro Rui Couceiro,

Se diz que é uma nau que está na imagem (e eu vi a edição em papel antes de comentar), está dito.
Outra pessoa que o viu comigo concordou na análise.

Melhores cumprimentos e boas edições,

Raul Nobre disse...

É evidente (acho eu), que a imagem não é de um barco viking. Nem é um drakkar, nem é um knorr. Mas eu sou um "marinheiro de água doce" e vocês é que são os "marinheiros de águas...turvas" (desculpem, queria dizer "salgadas")